Confesso que os acontecidos das últimas semanas vêm me
deixando meio que baratinado, na dúvida de que esteja sofrendo de uma síndrome
labiríntica ou porque seja eu mesmo um caso perdido, a contrariar meu
psicanalista.
Diante dessa observação, fico na dúvida se devo continuar
lendo os jornais – respaldo indispensável para minha profissão – ou abandono de
vez a razão e me entrego à demência dos indigentes que perambulam livremente
pelas ruas, sem censuras, sem compromissos, sem hipocrisia. “Os doidinhos de
Deus”, como já afirmou o sábio Dom Hélder. Não sei, mas espero que o tempo
descubra acertadamente a trilha correta nessa bifurcação funcional, pois lendo
alguns periódicos (que poderiam passar bons períodos sem nada relatar e ainda
assim estaríamos atualizadíssimos diante da mesmice brasileira), deparo-me com
uma manchete uníssona, parece-me que suporte para a atual Jornada
da Juventude, quando o Sumo Pontífice vem ao encontro daqueles que gemem e
choram neste vale de lágrimas, pobres mortais que somos: “O EXÉRCITO PROMETE
BARRAR MANIFESTAÇÕES ÀS VISTAS DO PAPA”, proibindo, inclusive, exposição de
cartazes e palavras de ordem.
Ora, pois não foi a própria CNBB (Confederação Nacional dos Bispos
do Brasil) uma das principais organizadoras – e motor – do Grito dos Excluídos em pleno 7 de setembro
passado? Além disso, no último dia 9 deste mês o próprio secretário geral da
CNBB, dom Leonardo Steiner, recebeu presidentes de partidos políticos na sede
da Conferência, em Brasília, para comunicar-lhes que “entende a necessidade de
ampliar a participação popular e que o povo deve ser ouvido” nesse momento
crucial pelo qual passamos nós em nossas exigências cívicas. E então, o Papa
não deve nos ouvir? O Papa não deve VER o que se passa desavergonhadamente
neste terreno estéril de moral? Somos as ovelhas desgarradas do rebanho
sacrossanto, somente destinadas ao sacrifício, em expiação eterna?
O general José Abreu, coordenador de segurança da Jornada
Mundial da Juventude, pelas Forças Armadas, já decretou que “vamos avaliar, no
momento, lá em Guaratiba, se deixamos ou não exibir cartazes”. Ou seja, se o
cacete vai comer ou não, porque o povo vai às ruas, sim, delatar ao seu maior
líder religioso a patifaria que praticam nossos vilipendiosos políticos.
Dom Hélder há de nos abençoar... e que Deus perdoe o general!!!
Um comentário:
Misericórdia!! :O
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