terça-feira, 24 de dezembro de 2013

VÍCIOS PÚBLICOS, COSTUMES PRIVADOS


O velho 2013 já amortece, se acomodando no ataúde do tempo. Foram-lhe muitas, as ferroadas do poder. Enquanto bebe o defunto, o país busca resolver-se por si só; necessário aviltar a própria espécie para renunciar aos seus vícios: viva a "Revolução dos Coxinhas"! Não podemos mais confundir vícios e costumes, estes um tesouro que se deve conservar e que não mais se recupera quando se o perdeu, para evocar Rousseau em defesa dessa contenda.
Filho de uma geografia impudicícia, nesse lugar "do lado de baixo do Equador", esta parte do continente também arqueja por moral. Senão, vejamos algumas pérolas dos vícios públicos reveladas em um espaço de pouco mais que vinte e quatro horas, no momento em que escrevo este artigo. Quando se alardeia a fragilidade do Sistema Penitenciário no país, eis que, de dentro da Papuda, ainda que não por celular, um apenado ficha-suja comanda sua trupe da base do poder, como anuncia a imprensa:"(...) da prisão, ele pensa e repensa as estratégias para as próximas eleições". Falamos do líder do Partido da República (PR), Valdemar Costa Neto, que desde o já enterrado 2011 exibe suas imiscuidades republicanas, em troca da sustentação do poder central.
Por outro lado, se a Saúde vai de mal a pior, a FAB, numa viagem "sigilosa" ao Recife, como sugeriu o  espartano beneficiado, não relaxa sua prontidão a Renan Calheiros, Presidente do Senado - uma Gerúsia licurga? - auxiliando-o no tratamento de uma alopecia, como se sua queda de cabelos pusesse em perigo a própria vida. Pior, agrava ainda mais a nossa! Useiro e vezeiro dessas artimanhas, dispõe-se à reposição dos custos ao erário. Inocência do paciente, a reposição do prejuízo público não livra do crime o seu autor.
Finalmente, no calor da discussão sobre a intolerância nas leis de trânsito, nó cego dos males urbanos, a presidente Dilma Roussef infringe Resolução 277 do Contran, transportando no banco de trás de um veículo seu netinho de 10 anos de idade, desprotegido de qualquer sistema de retenção. É infração gravíssima (e quem disse que as anteriores não o são?) , sete pontos na carteira de habilitação e apreensão do veículo. Livrou-se com um simples pedido de desculpa. O que seria de nós, se todo crime (independente do Código que o registre) fosse sanado por um pedido de desculpa? Um crime leve, talvez, mas cometido pela Mandatária do Poder Executivo, justamente aquele a quem cabe cumprir as leis e fazer cumpri-las. Ah, pobre Montesquieu...pobre Grotius, com sua hipótese "impiíssima" de direito natural, fé e racionalidade...pobre Jesus, que mal renasce e já o assassinamos, novamente!
Invoquemos os Arcanjos, porque a batalha das urnas se aproxima e 2014 há de ser melhor.
Tim-tim!!!...

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